Erros comuns acerca das Brats no BDSM

Erros comuns acerca das Brats no BDSM

Eu sou uma brat. Uma genuína e plena brat. Do tipo que você vê a mostrar a língua ao seu Dominador só pelo prazer de irritá-lo. Ou a revirar os olhos enquanto olha diretamente para o seu Senhor, apenas para provocar uma reação. Também sou 100 por cento submissa. Uma submissa "de serviço" na verdade. Adoro servir e agradar o meu Dominador. Ter a certeza de que as Suas necessidades estão atendidas e que Ele saiba que é amado. Confuso acerca de como eu posso ser uma brat e uma submissa? Acredite em mim, a maior parte das pessoas está, porque não entendem nem as brats nem o comportamento (mais a falta de comportamento) que elas demonstram.

Durante o tempo que estive no BDSM e especialmente quando expressava o meu lado mais bratty eu ouvi muitos conceitos errados cerca das brats. Muitas pessoas acham que precisamos de mais treinamento, outras que estamos apenas a fazer "topping from the bottom" ou que pura e simplesmente não pertencemos ao BDSM. Muitos desses mitos vêm de uma falta de compreensão sobre a relação entre um Dominador e a sua brat e da conexão única que eles têm. A única maneira de permitir uma maior compreensão é desafiar esses equívocos que, para a sorte vossa, uma brat como eu adora fazer.

1. Brats não são submissas

Oh, é sem dúvida o meu erro favorito e acho que o mais popular. As pessoas presumem que brats não são submissas e eu entendo. Como é que alguém que desobedece abertamente a seu Dominador pode ser visto como submisso? Como é que alguém que sistematicamente desafia a autoridade pode se estar a submeter? A verdade é que nossa desobediência é na verdade um ato de obediência e um sinal de nossa submissão. É um conceito daqueles de dar a volta a cabeça, por isso deixe-me tentar explicar.

Brats tendencialmente acabam por se juntar a sádicos ou brat tamers. Pessoas que têm prazer em colocar alguém no seu lugar, ou que o seu principal kink é a disciplina. Se as brats nunca se comportassem mal ou fizessem qualquer coisa para justificar a punição, o seu Dominador acabaria por não usufruir do kink que tanto gosta. Então as brats comportam-se mal. Não para deixar seu Dominador com raiva, mas para permitir que seu Dominador se envolva em algo que gosta, seja disciplinar ou infligir dor através de um spanking. Elas provocam o suficiente para que o seu Dominador perceba que está na hora de mais um play e para que eles exerçam seu o poder e habilidade de disciplinar. Por contraditório que possa parecer, ao desobedecer e submeter-se a quaisquer consequências que o Dominador possa dar, a brat está a servir o seu Dominador.

Existe todo um outro lado na sua desobediência também. Uma verdadeira brat, por respeito e submissão ao seu Dominador, sabe quando e como pressioná-lo. Elas conhecem e respeitam os limites de seu Dominador e percebem quando Ele precisa de uma pausa de fazer brat taming. Nessas alturas, a atuação pára e a brat obedece, por puro cuidado e respeito ao seu Dominador. Uma verdadeira brat não sente prazer em realmente desobedecer ou desapontar o seu Dominador, ou em fazer a vida Dele mais difícil. Elas não se comportarão como brats se isso não satisfazer ao seu Dominador, porque o desejo subjacente é agradar.

É verdade que no início do relacionamento a brat pode responder mal quando devia obedecer ou exagerar na provocação, mas é aí que entra o treino. Tal como qualquer submissa, elas desejam e precisam aprender os limites. O Dominador tem que ensiná-las quando é que não significa verdadeiramente não e quando é hora de parar de ser malcriada. Se for verdadeiramente uma brat ela irá ouvir e obedecer porque não deixam de ser submissas que desejam agradar o seu Dominador.

2. Brats são sempre desobedientes

Faz sentido que as pessoas presumam que as brats são sempre desobedientes, afinal quando as vêm é normalmente assim que elas estão. No entanto isso costuma ser em munches ou masmorras onde o mais provável é elas estarem mentalmente em modo brat e sabem que "não faz mal" em agirem assim. Tal como uma submissa de serviço pode na verdade não ser tão obediente quanto parece numa zona de plays, uma brat não é sempre tão desobediente como é vista nesses espaços. Lá, não há problema em ser brat até porque sabem que pode ser agradável para o seu Dominador colocá-la no seu devido lugar e, acredite em mim, uma brat irá aproveitar ao máximo a sua liberdade. Elas podem se comportar como brats que são e ainda se orgulharem disso porque sabem que isso agrada ao seu Dominador, da mesma forma que um pet gosta de mostrar os seus truques para agradar o seu Dominador.

Digamos que no entanto o ambiente muda. Talvez seja num supermercado ou mesmo em casa com o seu Dominador após um longo dia, acho que você se iria surpreender ao ver uma dita brat num ambiente destes. Ela iria parecer tão obediente quanto qualquer submissa porque sabe que não é a hora nem o lugar para serem mal comportadas. E essa é a marca de uma verdadeira brat, ela sabe quando é a hora de brincar e desobedecer, e quando é a hora de ser obediente e respeitosa. Isso é algo que seu Dominador tem que explicar e ensinar-lhe, mas se ela continuar a desobedecer, na verdade não é uma brat, apenas uma submissa desobediente.

De facto, existem pessoas que se afirmam brats mas que são apenas submissas desobedientes. Essas pessoas desobedecem mesmo quando recebem uma punição verdadeira e mesmo quando seu Dominador impõe onde e quando é o lugar apropriado para se agir como brat. São pessoas que passaram de brat para o puro desrespeito, porque estão a ir contra as necessidades e desejos de seu Dominador. Este comportamento muitas vezes aponta para alguém que não é verdadeiramente uma submissa ou para problemas no relacionamento que acabam por impedir de obedecer mas que definitivamente não é uma brat. Uma brat sabe quando obedecer e nessas alturas obedecem, uma submissa desobediente simplesmente continuará a abusar.

3. Brats gostam demasiado de serem castigadas para alguma vez poderem ser corrigidas

É verdade que a maioria das brats são masoquistas, mas isso não implica que gostam de todo o tipo de spanking e, definitivamente, não significa que gostem de todo o tipo de castigos. Vamos falar sobre spanking primeiro. É aqui que você deve conhecer bem a brat. Tendencialmente existe uma ou duas posições ou um ou dois tipos de acessórios que a brat não gosta. Venha o meu exemplo. Se eu ouvir o som da fivela de um cinto, ou o estalo de um cinto, arrepios percorrem a minha espinha de alto a baixo, e não são dos arrepios bons. O simples som pode fazer endireitar o meu comportamento e perceber que fui longe demais, já que eu odeio cintos. A maior parte das brats, tal como eu, tem algum acessório de spanking que detesta tal como eu detesto o cinto e basta estar atento que elas acabam por dizer qual é. Quando estiverem discutindo ou na parte de negociar funishments (fun + punishments) elas normalmente dizem que tipo de acessório não querem ver a ser usado. Isso é uma pista, aqueles que elas não quiserem ver usados são aqueles com os quais você as consegue corrigir e treinar (a menos que seja um hard limit). Na verdade haver um instrumento ou outro que são reservados exclusivamente para punições pode ajudar a brat a entender quando a sua postura estava bem e estão a receber uma punição por prazer (funishment) ou quando exageraram e passaram os limites.

Existem também posições que uma brat não gosta. Para mim é sobre o joelho. Podem-me colocar em posição de fralda, carrinho de mão, banco ou mesmo presa numa cruz, mas não me digam para me pôr sobre o joelho. Até mesmo um toque de joelho, ou ver meu Dominador a sentar em algum lugar depois que eu me comportei mal, e o arrependimento instala-se logo. Para a sua submissa pode ser ficar imobilizada ou ser colocada num cavalete para spanking mas existe sempre uma posição que para a sua brat significa punição. Nota: Se a vir a resistir até mesmo à ideia da posição é porque encontrou aquela que ela tanto odeia.

Podem existir brats que gostem de todos os acessórios e todas as posições de spanking. Mas garanto que não gostam de todo o tipo de castigos ou punições. Brats vivem pela e para a atenção que lhes é dada, por isso se querem saber como as punir basta que lhes retirem a atenção. Coloque-a num canto, deixe-a de castigo, exija que escreva um ditado e elas irão perceber que exageraram. Ou talvez eles não gostem de nenhum tipo de brincadeira anal, forçando-as a usar um plug anal ou fazer um play de figging pode funcionar. Diminuir os plays ou obrigar a "edging" (levar a brat perto do orgasmo, parar um pouco antes do clímax, e então repetir o processo novamente) podem ser potenciais punições. Existem tantas opções por aí, você só precisa de ter tempo para ver o que funciona com a sua brat. Desde que não seja um hard limit, se ela não gostar você pode usar. É crucial que você descubra o que as consegue corrigir porque sem consequências uma brat vai continuar a testar os limites até que eventualmente acaba por se tornar uma das submissas desobedientes que falamos antes, porque as suas necessidades não estão a ser atendidas.

As brats desejam tanto as punições divertidas (funishments) quanto as punições reais. Não, isso não significa que gostem de serem punidas, mas vamos voltar ao ponto um, elas são submissas. Isso significa que elas gostam de limites e fronteiras e de como eles são aplicados: punições. As brats podem até mesmo ultrapassar os limites de propósito, apenas para encontrar o limite e ter certeza de que seu Dominador as fará cumprir as regras. Isto acaba por ajuda-las a se sentirem seguras porque sabem que podem ser corrigidas. Pode exigir um bocado mais de criatividade e ser algo mais profundo que um simples spanking para se conseguir corrigir uma brat mas elas querem e precisam de ser corrigidas.

4. Brats só servem para plays, não para se ter uma relação

Muitos Dominadores acreditam que as brats podem ser divertidas para se ter um play mas não para serem parceiras numa dinâmica e isso não podia estar mais longe da verdade. Claro que as brats não são para todos os gostos. Mas também não são littles, slaves, pets ou switches. Trata-se de perceber o que funciona consigo. Existem pessoas que querem, e têm, relacionamentos longos e duradouros com elas, porque não existe nada de errado com as brats.

Quem quer estar com uma brat treina-a para que ela entenda quando pode agir como brats e quando se deve submeter. Existem regras rígidas sobre quando não agirem como brats com os outros e, quando a altura for mais apropriada, poderem agir divertidamente como brats. No fundo tudo se resume a as brats serem submissas que querem agradar o seu dominador. Quando elas gostam verdadeiramente do seu Dominador elas se submetem a ele. Sabem que podem ser brats apenas até aos limites que lhe foram estabelecidos e agem de forma a deixar o seu Dominador feliz. Não há nada nisso que torne impossível, ou mesmo improvável, para eles terem relacionamentos amorosos de longo prazo.

Existem algumas pessoas que preferem apenas um play com uma brat em vez de terem qualquer tipo de relacionamento com elas, e isso não faz mal. Existem algumas brats que também apenas desejam plays e não se envolverem em dinâmicas 24/7. É tudo uma questão de saber o que a outra pessoa deseja e o que você deseja. Se não quer uma relação com uma brat, então não tenha uma mas isso simplesmente implica que uma brat não iria ter uma relação consigo, não que isso seja impossível. As brats, mesmo as obstinadas como eu, vivem dinâmicas 24/7 com relações amorosas de longo prazo.

5. Brats necessitam de serem quebradas

Existe esta estranha ideia na comunidade que as brats devem ser quebradas. Como brat eu enfrentei Dominadores que queriam me "quebrar" e eu realmente não sabia o que eles queriam dizer com isso. Quebrar nós quebramos copos, vasos e talvez até promessas, mas o que é quebrar uma pessoa? Decidi tomar a decisão, não muito sábia, de ter um play com alguém que me queria quebrar para conseguir perceber o que quebrar significava. Quebrar significa levar uma pessoa ao seu limite e forçá-la a ultrapassá-lo. Fazer com que se arrependam de serem brats e fazer com que nunca mais o repitam. É ensina-las que se exprimirem com atitudes de brat não é aceitável e que tal nunca será tolerado. Não que não é tolerado naquela situação específica mas que agir como brat nunca será tolerado. Na verdade, em essência, é ensinar a uma pessoa que quem ela é é algo de errado. BDSM não é sobre forçar as pessoas a serem algo que elas não são ou ensiná-las quem elas são, é sobre deixá-las ser quem são. Se você quer quebrar uma brat e mudar aquilo que ela é, quem ela é, então não esteja com uma brat, porque uma brat precisa de ser domesticada, domada, não quebrada .

Domesticar uma brat por vezes é confundido com quebrar uma brat, mas domesticar uma brat é na verdade o que deve ser feito. Quando um brat tamer domestica uma brat ele simplesmente a traz para um nível de desobediência que é aceitável. A brat aprende quanto e até onde pode desobedecer e exatamente quando, onde e qual o nível partir do qual ser desobediente não é aceitável. Assim como treinar uma submissa, domesticar uma brat é ensinar-lhe quando e onde certos comportamentos são apropriados. Esta é a estrutura e disciplina que uma brat deseja. Saber que podem agir como brats mas que ainda assim existem limites e que não podem se comportar mal o tempo todo. Domesticar uma brat permite às brats serem elas próprias mesmo dentro dos limites estabelecidos pelo seu Dominador. Elas são carinhosamente ensinadas a saberem quando podem ser completamente brats. Não são negadas de serem quem são, apenas são definidos limites de como e onde se exprimem.


Resumindo e concluindo

Brats são submissas incríveis, para o tipo certo de Dominador. Elas não são para todos os gostos e requerem muito mais paciência, persistência e perseverança do que as outras submissas. Quem gosta de brats gosta da emoção de disciplina-las e ganhar a sua submissão. Uma brat estará lá para cuidar do seu Dominador e se submeterem a ele, assim como qualquer submissa, apenas podem é dar mais luta para se chegar lá. Ensine-as quando é que esta luta é aceitável e apropriada e quando é que devem parar. Domine-as, não as quebre. Ame-as e acredite em mim, elas vão-te amar de volta.


Créditos: Bratty Ann

Tradução livre: D1re_W0lf