O BDSMblem

O que significa o BDSMblem?

O BDSMblem não tem um simbolismo "óbvio" porque foi criado para ser enigmático. Para um observador baunilha que se assustaria com o BDSM, trata-se apenas de uma jóia atraente. Assim, podemos usá-lo livremente como uma saudação amigável, acenar com a cabeça e piscar para outros BDSMers pelos quais possamos passar na rua e nos corredores durante o nosso dia-a-dia.

No entanto para um BDSMer o emblema está cheio de significado.

As três divisões representam os vários trios de BDSM.
Em primeiro lugar, as três divisões do próprio BDSM: B&D, D&S e S&M.
Em segundo lugar, o credo de três vias do comportamento BDSM: Seguro, São e Consensual.
Em terceiro lugar, as três divisões de nossa comunidade: Tops, Bottoms e Switches.

É esse terceiro simbolismo que dá sentido aos buracos em cada parte do símbolo. Visto que o BDSM é no mínimo um estilo de play (jogo) e, em sua maior parte, uma forma de viver o amor, os buracos representam a incompletude de qualquer indivíduo dentro do contexto do BDSM. Por mais que as pessoas possam estar "juntas" e "inteiras", permanece um vazio dentro delas que só pode ser preenchido por uma outra pessoa. O BDSM não pode ser feito sozinho.

A semelhança com uma espécie de variante com três seções do símbolo Yin-Yang não é acidental. Assim como o contorno curvo de Yin e Yang representa a borda desfocada entre onde um termina e o outro começa, as bordas curvas aqui representam as divisões indistintas entre B&D, D&S, and S&M.

O metal e a cor metálica do emblema representam as correntes de servidão / propriedade do BDSM. Os três campos internos são pretos, representando uma celebração do lado controlado mas escuro da sexualidade BDSM.

As próprias linhas curvas podem ser vistas como uma representação estilizada de um chicote ao balançar, ou até mesmo um braço em movimento para dar um spanking erótico. O círculo abrangente representa, claro, a unidade subjacente de tudo e a unidade de uma comunidade que protege os seus.

A História do BDSMblem

No tempo em que a America Online (AOL) era uma pequena empresa empreendedora na área da telecomunicações que lutava contra os grandes, era aí o lar de uma série de pequenas comunidades excelentes - incluindo uma comunidade BDSM calorosa, corajosa e frequentemente perseguida. No final de 1994, a AOL havia crescido enormemente e a comunidade BDSM havia crescido com ela, transbordando de sua única sala de reuniões original e se dividindo em várias subcomunidades. Mesmo assim, grande parte da interação entre os veteranos acontecia em algumas salas de chat e uma pasta D/s na sala de Relacionamentos da área de Questões de Saúde Mental.

Foi naquele fórum que no final de 1994 uma discussão sobre um símbolo BDSM evoluiu a partir dessa progressão de perguntas: Quantos de nós realmente estaríamos lá fora em qualquer multidão aleatória? Quantos não podiam se dar ao luxo de falar sobre seus interesses de BDSM por medo de perseguição? Poderia haver uma maneira de nos identificarmos de uma forma amigável e não trolling? Haveria talvez um símbolo que pudéssemos usar para nos identificarmos uns com os outros, sem que ninguém no frequentemente hostil mundo vanilla se apercebesse?

A conversa progrediu tanto no fórum quanto no e-mail privado. Falou-se na bandeira do Orgulho de Couro, é claro, mas isso não atendia às necessidades de várias pessoas por qualquer combinação de 4 motivos diferentes:

• Alguns se consideravam em uma subcultura diferente do pessoal do "couro", então eles não sentiam que o símbolo do Orgulho do Couro era realmente deles.
• Alguns temiam que o símbolo do Orgulho do Couro fosse muito conhecido para ser sub-reptício o suficiente. Afinal, era um símbolo do Orgulho e pretendia declarar o interesse do BDSM em voz alta, tornando-o inadequado para quem precisava de discrição.
• Alguns achavam que o símbolo, mesmo que não fosse muito conhecido, obviamente tinha um significado e eles não queriam que lhes perguntassem o que significava o alfinete que estavam a usar.
• Alguns simplesmente não gostavam da aparência.

O voluntariado de Quagmyr para criar um símbolo e tentar fazer os pins foi recebido com incentivo imediato. Portanto, o primeiro passo foi solicitar sugestões sobre ideias. Ele definiu as seguintes diretrizes: Que nunca tivesse sido - e que provavelmente nunca viesse a ser - utilizado por adolescentes, motards ou fãs de heavy metal Que fosse sutil e discreto o suficiente para que pudesse ser usado em um ambiente baunilha sem levantar sobrancelhas ou questões. Que fosse distinto o suficiente para ser reconhecido por aqueles "por dentro".

Uma imagem toma forma

Uma ideia foi repetida várias vezes - retirada da descrição do anel em A história de O. Pelo menos uma pessoa fez um esboço rápido de como pensaram que se poderia parecer, que era muito equivalente à imagem mental que Quagmyr já tinha na época . O esboço à esquerda tornou-se a proposta inicial para o grupo. Este desenho foi criado no CorelDraw por meio de uma abordagem complicada que tenho certeza que qualquer artista gráfico real daria uma gargalhada, mas pelos Sticky Fingers de Harcourt Fenton Mudd, “eu fiz isso e estou orgulhoso disso”! 😃 Este design não durou muito, porém, por várias razões, a maioria delas tendo a ver com o fato de Quagmyr ter percebido que esse design já significava alguma coisa.

Rapidamente Quagmyr descobriu que outras pessoas tinham uma ideia diferente do que era o símbolo "O", e era um pouco diferente do que ele havia desenhado. Nas outras descrições que leu, as pontas de cada raio, em vez de terminar na borda, continuaram a se curvar para baixo e ao redor até formar algo como um P curvo. Você encontrará uma representação desajeitada desse design, bem como aquele acima, na página What Is & Isn't the BDSMblem page.

Além disso, Quagmyr descobriu que uma empresa já estava comercializando jóias "O" nesse formato. A diferença no design foi realmente um alívio, porque ele estava a ter dúvidas sobre duplicar a descrição do livro. Parecia possível violação de direitos autorais e Quagmyr não queria participar em nada disso. Tal como Quagmyr protege os seus próprios direitos intelectuais, ele respeita os dos outros também. Portanto, a ideia de um design inspirado, mas não idêntico ao design "O" fazia muito mais sentido. Quagmyr apontou isso para o resto do grupo e obteve pouca resposta e nenhuma discordância. Aparentemente, a coisa toda foi deixada nas suas mãos para fazer o que ele quisesse.

Mesmo que esse não fosse o desenho "O", no entanto, havia outro problema legal em potencial. Era um design tão simples e agradável que Quagmyr não conseguia deixar de pensar em quais eram as hipóteses de que alguém já o estivesse usando para, digamos, um logotipo corporativo? Pareciam altas demais para ele se sentir confortável. Teve visões de pessoas usando pins como este - ou talvez t-shirts com o design - em um piquenique da empresa e sendo abordadas por pessoas sorridentes para conversar sobre seus chicotes favoritos. Ou até mesmo executivos de empresas que eram BDSMers descobrindo o emblema e ficando vermelhos, orientando seus advogados a enviar uma daquelas cartas "Foi chamada à nossa atenção" na direção dele.

Mais tarde Quagmyr percebeu que já tinha visto aquele design antes, mas não como um logotipo corporativo. É um design comum em obras de arte celtas antigas e frequentemente referido como Triskele Celta. Ainda é popular como um símbolo da tradição celta e é usado por aqueles que seguem a espiritualidade celta pagã. É frequentemente encontrada em joalheria, na arte histórica e até, sim, em logótipos. Na sua mente, isso abriu uma porta de oportunidade. O que poderia ser melhor, do ponto de vista da discrição, do que ter um símbolo bastante semelhante a algo neutro para não chamar a atenção? Seria uma forma de camuflagem. O que era necessário eram diferenças nos detalhes para tornar o BDSMblemreconhecível como o símbolo BDSM e não outra coisa.

A semelhança do BDSMblem com uma versão de 3 partes do símbolo Yin-Yang foi, é claro, óbvia desde o início. Então, o primeiro pensamento de Quagmyr foi adicionar pontos dentro dos campos pretos. Esse pensamento não ficou só com o Quagmyr por muito tempo. Por um lado, isso pode acabar sendo um símbolo de copyright existente tão facilmente quanto o outro. Mais uma vez Quagmyr tem a sensação incómoda de que já tinha visto um desenho como aquele antes - desta vez como um símbolo religioso oriental de algum tipo. Desde então, foi informado que o design em que eu estava pensando é conhecido como Roda do Caos. Mais tarde Quagmyr percebeu que variações de uma versão pontilhada têm uma rica história nas artes asiáticas, particularmente em várias tradições budistas e taoístas. Ele precisava de uma variação praticamente certa para ser única - isso ou um prémio na lotaria que me permitiria pagar por uma pesquisa cara de marca registrada.

Quando Quagmyr descobriu a solução, parecia tão óbvia e tão perfeita que começou a rir alto. Quagmyr usaria buracos em vez de pontos. O uso de orifícios foi altamente significativo. Por um lado, significaria que o símbolo revelaria seu verdadeiro design apenas em 3 dimensões. Não que os buracos não possam ser facilmente retratados em desenhos bidimensionais, mas eles são uma complicação desnecessária - não o tipo de coisa que alguém consideraria um símbolo corporativo de marca registrada. Além disso, o significado do emblema já estava começando a se formar em sua mente e os buracos se encaixam perfeitamente no esquema, como você sabe pela leitura da explicação.

A ideia passa a ser o Projeto Pin

Talvez se deva recuar um momento aqui e notar que neste ponto realmente não existia "O Emblema", como inicialmente veio a ser chamado. Não que seja um nome muito grande, mas se a coisa tinha algum nome na época era: "Aquela coisa de alfinete em que Quag está trabalhando". Na verdade, todo o empreendimento estava sendo referido simplesmente como The Pin Project, que Quagmyr batizou assim por falta de algo melhor.

Seria enganador dizer que todo o grupo que estava discutindo o símbolo em desenvolvimento aprovou a nova versão do projeto. Seria mais correto dizer que a resposta foi: "Sim, ok, ótimo, quando você poderá fazer os pins? Estamos esperando!" Assim, quando soube que ninguém havia encontrado nenhum problema que eu tivesse esquecido, Quagmyr foi procurar um fabricante. Na verdade, houve um pouco de sobreposição, mas agora toda a ênfase estava em decidir quem faria a coisa. Eventualmente Quagmyr encontrou várias empresas que fabricavam alfinetes de lapela (pins) e encomendou amostras de seus trabalhos. Mas um se destacou do resto.

Como já foi referido, inicialmente o emblema foi chamado de Projeto Pin, mas nessa época (que deve ter sido no início de 95) algumas mulheres adicionaram uma variação muito razoável aos planos. Elas queriam saber se esse símbolo poderia ser produzido tanto como um pingente para um colar quanto como um alfinete. Quagmyr prometeu investigar isso. Outros perguntavam sobre tudo, de anéis a relógios de pulso, mas isso parecia prematuro.

Foi enviado ao fabricante um grande desenho do projeto e um cheque para a confecção inicial do molde e estabelecida as especificações de fabricação. Então Quagmyr teve de se acomodar e esperar pelos protótipos... ou quase.

A ideia espalha-se

Foi nessa época que o projeto saiu dos limites da AOL e foi para a Internet. Particularmente para o grupo de notícias alt.sex.bondage (ASB - levante a mão se você se lembra dos "newsgroups"). Quagmyr colocou posts explicando o que estava acontecendo e convidando qualquer pessoa interessada em participar do Projeto Pin a enviar-lhe um e-mail. Muitos fizeram e receberam uma explicação mais detalhada do projeto e do esboço inicial agora arcaico. (UUEncoded. Quem se lembra de quando tivemos que fazer isso?). Muitas dessas pessoas acabaram por encomendar alfinetes e pingentes. Essa, a propósito, também foi a primeira versão do emblema a aparecer na web quando foi gentilmente postada pelo webmaster do Multics em Wizvax.

O conceito do emblema não criou propriamente uma tempestade de aplausos ou controvérsia - pelo menos não para os padrões do ASB - mas teve o seu quinhão de discussão. Algumas pessoas pareciam considerar a ideia uma afronta ao símbolo do Orgulho do Couro e menosprezaram a coisa toda. Outros o apoiaram.

Enquanto isso, os pedidos foram se acumulando. Quagmyr tinha adiantado o dinheiro para a cunhagem inicial e estava pagando muito tempo online e telefonemas. Os leitores mais jovens podem não se lembrar dos dias de outrora, quando a AOL cobrava por minuto, mas muitos de nós, mais velhos, ainda se lembram. E, oh, céus, impossível não lembrar dessas contas de telefone! Depois de tudo isso, Quagmyr não poderia pagar uma grande quantidade inicial e apenas torcer para que os pedidos chegassem. Então, Quagmyr estava recebendo pedidos com antecedência com o acordo de que os cheques ficariam guardados sem sacar até o produto ser despachado. Como as pessoas optaram por confiar nele, logo recebeu um envelope recheado de pré-encomendas.

No final de março de 1995, Quagmyr tinha os protótipos em mãos. Eles estavam errados. A empresa de cunhagem tinha deixado de fora os buracos e o molde tinha uma imperfeição em um dos braços curvos. Eles se desculparam e prometeram correções em cerca de uma semana. Os novos protótipos apareceram em 7 de abril com os erros corrigidos e um novo em seu lugar - o círculo estava fora de sintonia. Em 15 de abril, um dia geralmente não conhecido por boas notícias, Quagmyr enviou um aviso a todos os que fizeram o pedido ou manifestaram interesse. Começava: "Ok, acabei de receber o terceiro conjunto de protótipos e desta vez eles são lindos !!! Então estamos prontos para começar!"

Ficou combinado que iriam permitir mais algumas semanas para pré-pedidos de última hora, então o pedido de produção inicial foi feito durante a segunda semana de maio de 1995. Os primeiros pins e pingentes saíram cerca de seis semanas depois. Por algum tempo depois, os pedidos continuaram a chegar, permitindo fazer vários pequenos pedidos de produção e manter apenas o suficiente para atender à demanda. Apesar do fato de que o grito de guerra sempre foi: "Precisamos de um pin", desde o início os pingentes superavam os pins em um punhado para um. Só fez sentido abandonar o nome de "projeto do pin" e, desde então, tens-se chamado a esse esforço de "Projeto Emblema".

No final de 1997, o BDSMblem explodiu na web. À medida que mais pessoas tomavam conhecimento do Emblema e do Projeto, coisas boas começaram a acontecer. Os pedidos aumentaram a ponto de se poder expandir a linha em chaveiros e clips de dinheiro e, eventualmente, em itens de metal precioso de prata esterlina e ouro 14K. Silverfoot criou a primeira versão do tão aguardado Emblem Ring. O projeto tomava cada vez mais o tempo a Quagmyr, mas era algo que se estava a pagar a si próprio e continuava a crescer. Na verdade, conforme as vendas aumentavam, Quagmyr conseguiu fazer pedidos de produção cada vez maiores, o que permitiu reduzir drasticamente os preços, mesmo quando meus produtores aumentaram suas taxas.

Com o passar dos anos, novos produtos surgiram e desapareceram e a procura cresceu e diminuiu conforme as questões económicas permitiam. O Emblem tinha mais de 10 anos quando finalmente lhe ocorreu que o nome "The Emblem", escolhido simplesmente porque Quagmyr não conseguia pensar em nada melhor, deveria se chamar BDSMblem. A mudança do nome só foi efetuada com a revisão do site no final de 2012.

Adaptação livre da história e do significado do BDSMblem por D1re_W0lf.
Original em: https://emblemproject.sagcs.net/